É o «segundo aviso», 25 anos depois do primeiro: «Em breve será demasiado tarde para reverter esta tendência perigosa”
Mais de 15 mil cientistas de 184 países alertaram esta segunda-feira para os riscos de desestabilização do planeta, por falta de ações para preservar o meio ambiente e os ecossistemas.
A advertência surge 25 anos depois de um primeiro aviso de uma maioria de laureados com o prémio Nobel, que em 1992 emitiu um “Aviso dos Cientistas do Mundo para a Humanidade”, no qual se dizia que o impacto das atividades humanas na natureza iria provavelmente levar a “um grande sofrimento humano” e “mutilaria o planeta de forma irremediável”.
Agora, no que chamam de “segundo aviso”, os cientistas dizem que a disponibilidade de água potável, a desflorestação, a diminuição do número de mamíferos, e as emissões de gases com efeito de estufa são questões que estão todas “no vermelho”, sendo que as medidas para as mitigar tomadas desde 1992 são dececionantes, com exceção das destinadas a estabilizar a camada do ozono.
“A humanidade não está a fazer o que deve ser feito urgentemente para salvaguardar a biosfera ameaçada”, dizem os cientistas no aviso publicado esta segunda-feira na revista BioScience.
Thomas Newsom, professor universitário australiano e um dos autores da declaração, diz que os subscritores avaliaram a evolução da situação nas últimas duas décadas e as respostas humanas, com base nos dados oficiais existentes.
“Em breve será demasiado tarde para reverter esta tendência perigosa”, disse.
Os cientistas estimam que a grande maioria das ameaças já identificadas subsistem e “a maior parte” até se agravou, e salientam que ainda é possível reverter essas tendências para que os ecossistemas recuperem a sustentabilidade.
Após 25 anos, diz-se no documento, a quantidade de água potável disponível por pessoa em todo o mundo diminuiu 26% e o número de zonas mortas nos oceanos aumentou em 75%.
Apontando o aumento da população mundial em 35% e uma redução de 29% do número de mamíferos, répteis, anfíbios, aves e peixes, os cientistas recomendam a criação de reservas naturais terrestres e marinhas, leis mais fortes contra a caça furtiva e mais restrições ao comércio de produtos da vida selvagem.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 833 de 15 de Novembro de 2017.