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Leitura na escola…

Leitura na escola...

 A chave que se espera para leitura e formação de leitores

www.educarede.org.br 
leitura_escola-533x400A finalidade principal da escola hoje é formar alunos capazes de exercer a sua cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais e nelas agindo, efetivamente. Para tanto, coloca-se como fundamental a construção da proficiência leitora desse aluno.

Ao mesmo tempo em que a escola necessita criar condições para que os alunos se apropriem dos diferentes aspectos envolvidos no processamento dos textos, a própria proficiência leitora dos alunos é condição para esse processo de apropriação, isso porque a escola é uma instância social de interação verbal que se vale do conhecimento sobre a linguagem escrita para cumprir a sua função: ensinar.

Nessa perspectiva, é fundamental que todos os educadores – em especial os professores – estejam atentos para essa questão. Conhecer a natureza do processo de leitura, assim como o processo pelo qual os sentidos de um texto são construídos, é condição indispensável para uma aprendizagem efetiva, quando esta pressupõe leitura de textos escritos.

Um professor de Matemática, por exemplo – ou de qualquer outra área -, tanto necessita ter informações gerais sobre o processamento dos sentidos de um texto, quanto informações específicas sobre as características dos textos que circulam em sua aula – as situações-problema, os enunciados de exercícios, os textos expositivos que sistematizam conhecimentos – e que são típicos de sua área de conhecimento. São estas informações que possibilitarão a ele uma intervenção de efetiva qualidade.

Da mesma forma, os professores de Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física, Língua Estrangeira, entre outras áreas. Isso não significa, no entanto, que o professor de Língua Portuguesa dará à questão da leitura o mesmo tratamento.

A ele, evidentemente, caberá um tratamento mais aprofundado tanto das especificidades dos gêneros discursivos que mais circulam nas outras áreas do conhecimento, quanto àqueles que não circulam prioritariamente em nenhuma – como os da mídia impressa, televisiva e radiofônica, entre outros – e também os literários.

 Nessa perspectiva, os conteúdos que o professor de Língua Portuguesa deverá eleger como prioritários para o trabalho devem constituir-se como conhecimentos dos quais os demais professores se utilizarão para realizarem a leitura dos textos que selecionarem para trabalho. Os conteúdos específicos de leitura não deverão, em si, serem focos do seu trabalho, mas instrumentos, ferramentas a serem utilizadas para se buscar a compreensão do conteúdo específico de sua área.

 Quer dizer, se o professor de português deve trabalhar as estratégias de leitura, estas serão pressupostos dos demais professores no processo de atribuição de sentido aos textos que tratarão dos conteúdos específicos de sua área. De tal forma que, se um aluno atribui um sentido equivocado a um texto lido, o professor consiga diagnosticar qual o problema – uma inferência inadequada, uma antecipação incorreta – e reorientar sua ação para auxiliar o aluno a resolver o problema – ler junto, buscando descobrir qual a pista, como por exemplo uma palavra que o aluno utilizou para atribuir sentido indesejado, explicitando o equívoco e oferecendo novas referências para a significação.

O professor de outras áreas precisa, dessa forma, saber quais são as estratégias e procedimentos que um leitor proficiente utiliza para poder utilizá-los de maneira compartilhada com o aluno, de forma que este de aproprie dos mesmos.

O professor de Língua Portuguesa deve tomar as estratégias e procedimentos de leitura como objeto fundamental de trabalho e aprofundar esse conhecimento no que se refere às especificidades dos gêneros, de maneira mais sistematizada.

No ensino de Língua Portuguesa – sobretudo no Ensino Fundamental – os conteúdos, no geral, têm um caráter procedimental, considerando que se trata de tematizar todos os conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem. Não que isso signifique que não haja conceituação no processo de compreensão de tais conhecimentos, transformados em conteúdos de ensino. Significa, apenas, que a dimensão procedimental predomina no trabalho com linguagem, dado que se trata de aprender a participar de práticas sociais, e não de elaborar definições a respeito de tais conteúdos ou de apenas organizá-los de maneira sistematizada.

A sistematização/organização dos conhecimentos é um processo que irá sendo tratado à medida que as necessidades e possibilidades de aprendizagem dos alunos determinem, que ficam mais complexas conforme avançam os anos de escolaridade.

De maneira geral, os conteúdos de ensino relacionados à leitura são os mesmos para os diferentes ciclos e níveis de ensino. O que os diferenciará é o grau de aprofundamento com que serão tratados ao longo do processo de escolaridade, em função do grau de complexidade dos textos e gêneros selecionados para trabalho, que implicará graus de dificuldade distintos para os alunos.

Por exemplo, ler um conto policial pode ser uma tarefa que apresente dificuldades diversas para os alunos. Para aquele que tiver maior familiaridade com o gênero, com o assunto tematizado no texto, com a linguagem utilizada pelo autor, poderá ser fácil. No entanto, para aquele que desconhece o gênero, a dificuldade será diferente, pressupondo novas aprendizagens.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais.

“Uma charge política, por exemplo, supõe conhecimento de mundo e experiência político-social que podem não estar dados para um aluno de onze anos. Dessa forma, sua leitura pode diferenciar-se tanto da que for realizada por um aluno de 14 anos, quanto da que for feita por um de 17. O mesmo raciocínio se aplica a um poema, uma crônica, uma notícia, uma carta de solicitação ou uma reportagem. Nesse sentido, a intervenção do professor e, conseqüentemente os aspectos a serem tematizados, tanto poderão ser diferentes, quanto poderão ser os mesmos, tratados com graus diversos de aprofundamento.” 

Nessa perspectiva, é a especificidade das práticas sociais – declamar um poema em um sarau, fazer uma leitura dramática de um texto de teatro, ler jornal em casa pela manhã, ler um texto para estudar, entre outras – e dos gêneros e textos selecionados para trabalho que determinará o tratamento que será dado aos conteúdos de leitura, que serão os mesmos nos diferentes ciclos e níveis de ensino. Quais sejam:

1. estratégias de leitura:

a. ativação de conhecimento prévio e seleção de informações;

b. realização de inferências;

c. antecipação de informações;

d. localização de informações no texto;

e. verificação de inferências e antecipações realizadas;

f. articulação de índices textuais e contextuais;

g. redução de informação semântica: construção e generalização de informações;

2. procedimentos de leitura:

a. leitura inspecional;

b. leitura tópica;

c. leitura de revisão;

d. leitura item a item;

e. leitura expressiva.

a. leitura colaborativa: a leitura em que professor e alunos realizam paulatinamente, em conjunto; prática fundamental para a explicitação das estratégias e procedimentos que um leitor proficiente utiliza.

b. leitura programada: a leitura que serve para a ampliação da proficiência leitora, sobretudo, no que se refere à extensão dos textos trabalhados ou à seleção de textos/livros mais complexos. Nela, o professor divide o texto em trechos que serão lidos um a um, autonomamente e, depois, comentados em classe em discussão coletiva.

c. leitura em voz alta feita pelo professor: é a leitura recomendada, sobretudo, para as classes de alunos não alfabetizados, como possibilidade de aprendizagem da linguagem escrita antes mesmos que tenham compreendido o sistema.

d. leitura autônoma: é aquela que o aluno realiza individualmente, a partir de indicação de texto do professor. É uma modalidade didática que possibilita ao professor verificar qual a aprendizagem já realizada pelo aluno.

e. leitura de escolha pessoal: é a leitura de livre escolha. O aluno seleciona o que quer ler, realiza a leitura individualmente e, depois, apresenta sua apreciação para os demais colegas. É uma leitura que possibilita a construção de critérios de seleção e de apreciação estética pessoais.

f. projetos de leitura: trata-se de uma forma de organizar o trabalho que prevê a elaboração de um produto final voltado, necessariamente, para um público externo à sala de aula. As demais modalidades citadas costumam estar articuladas em projetos de leitura.

O fundamental na organização das atividades é procurar organizá-las de forma que se aproximem das práticas sociais de leitura não escolares.

No processo de leitura e de ensino da leitura, qual é a chave que se espera?

Para o professor, a chave é múltipla: o conhecimento da natureza da leitura; o conhecimento dos procedimentos e estratégias de leitura utilizados pelos leitores proficientes; o reconhecimento de si como leitor proficiente; o agir como leitor proficiente junto a seus alunos.

Para o aluno, a chave é una, mas não menos complexa: a apropriação das estratégias e procedimentos utilizados pelos leitores proficientes, e sua utilização eficaz nas práticas sociais de que participar.

Estas, as chaves necessárias.

Texto original: Katia Lomba Bräkling

Edição: Equipe EducaRede

(Março/2003)

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    > Professor

    Magali A. Mazzoni Lopes

    > Observações

    Professores, ao realizar a Leitura Compartilhada com seus alunos é importante garantir que todos tenham a cópia do texto.

    Essa modalidade de leitura deve ser desenvolvida com frequência, sendo uma grande aliada no desenvolvimento da competência leitora.